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A educação está passando por um momento de mudanças e para o aluno proativo buscar o conhecimento é preciso um novo olhar para a aprendizagem.
O cenário financeiro e político representa um desafio também para a educação, que está em processo de mudança cultural e social. Fruto de uma sociedade que muda, a educação também passa por fases de progresso.
O desafio do novo
A tecnologia é uma das grandes responsáveis pelas transformações que a humanidade está passando. O ensino tradicional, baseado em métodos e metodologias da Idade Média, já não se encaixa no modelo de sociedade que está sendo criada e vivenciada.
Nesse sentido, é importante perceber que muitos das questões educacionais da atualidade vêm justamente do descompasso que há entre a metodologia utilizada em sala de aula, às vezes, antiquada e ultrapassada, e a exigência de uma sociedade cada vez mais tecnológica, que não vê o professor como o único e maior detentor do conhecimento.
Aluno como produtor do conhecimento
A metodologia ativa é um contraponto às metodologias tradicionais e coloca o professor em posição não mais de detentor do conhecimento e sim de mediador entre o objeto de estudo e os alunos. Da mesma forma, o aluno não é um receptor passivo dos conhecimentos repassados pelo professor. Com essas metodologias, ele é o produtor do conhecimento, responsável por ressignificar os conteúdos e utilizá-los em sua vida.
Nativos digitais
O mundo de hoje é tecnológico. Os alunos, crianças e adolescentes que estão hoje nas escolas apresentam uma diferença fundamental em relação aos professores: eles já nasceram em um mundo tecnológico, são os chamados nativos digitais, que veem e vivem no mundo diferente dos professores e pais.
Os nativos digitais são acostumados a receber informação muito rapidamente. Eles gostam de processos paralelos e ao mesmo tempo. Eles preferem gráficos a textos. Utilizam acessos randômicos como hipertextos e funcionam melhor em rede. (PRENSKY, 2001 apud LEMOS, 2009, p. 39)
On-line: vivendo em comunidade
Ainda segundo o autor, essa geração é a primeira que aprende a lógica não linear das coisas. Para ele, os nativos digitais “são usuários de hipertextos instantaneamente, baixam música, têm fones nos seus bolsos, uma biblioteca em seus computadores portáteis, irradiam mensagens.” (LEMOS, 2009, p. 39). Como essas pessoas têm vivido grande parte das suas vidas assim, têm pouca paciência para a leitura e para a lógica paulatina.
Os nativos digitais adquirem informações dos mais diversos lugares, têm muitas comunidades de aprendizagem e abordam a resolução de problemas estabelecendo com os seus instrumentos de trabalho uma relação ao que se assemelha mais a um diálogo do que a um monólogo.
Professor-aluno buscando respostas juntos
Ao analisar esses novos jovens, não é mais aceitável, em uma realidade cheia de “hiperlinks”, que um professor ministre uma aula linear em que ele é o detentor do conhecimento e os alunos os receptores do conteúdo. De acordo com Freire (2011), em condições de “verdadeira aprendizagem”, os alunos transformam-se em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do professor, igualmente sujeito do processo. Assim, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para que a construção do conhecimento ocorra.
O professor como mediador do aprendizado
O maior desafio da escola é garantir a construção do conhecimento em uma sociedade na qual o fluxo de informações é muito grande. Nesse espaço, o professor não pode agir como um transmissor de conhecimento, mas sim como o mediador do processo de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido, surgem as metodologias ativas.
Podemos entender Metodologias Ativas como formas de desenvolver o processo do aprender que os professores utilizam na busca de conduzir a formação crítica de futuros profissionais nas mais diversas áreas. A utilização dessas metodologias pode favorecer a autonomia do educando, despertando a curiosidade, estimulando tomadas de decisões individuais e coletivas, advindos das atividades essenciais da prática social e em contextos do estudante. (ALENCAR; BORGES, 2014)
Processo interativo de conhecimento
Segundo Bastos (2006, p.10), o conceito de metodologias ativas se define como um “processo interativo de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para um problema.” Ainda de acordo com ele, o professor deve ser um facilitador, para que o estudante seja o construtor de seu próprio conhecimento por meio da pesquisa, da reflexão e das decisões que irá tomar para alcançar suas metas.
Metodologias Ativas
Existem diversos tipos de metodologias ativas:
– Na aprendizagem baseada em problemas (PBL), a aprendizagem é iniciada com a necessidade de se resolver um problema;
– Na ThinkPairShare (TPS), o educador coloca uma questão para os alunos. Eles têm tempo para trabalhar com o problema individualmente e depois trabalham em pares para resolver para, então, compartilhar com a turma suas ideias;
– Na PeerInstruction (PI) o objetivo é fazer os alunos aprenderem por meio de debates ocasionados por perguntas feitas pelo professor;
– Na Aprendizagem Baseada em Projetos (PrjBL), é utilizado um projeto interdisciplinar ou não como um recurso pedagógico para construir um conhecimento. Assim, ao invés de aulas tradicionais, os alunos são estimulados a refletir sobre um determinado problema e trabalhar em grupos para apresentar um produto final, resultado de seu trabalho.
A vez do professor se desafiar
Todos os docentes podem utilizar metodologias ativas no seu trabalho em sala de aula, independentemente do componente curricular com que trabalham. Essas metodologias não irão dar conta apenas dos conteúdos programados no currículo, elas ajudarão em questões relativas ao trabalho em equipes, à responsabilidade, à criatividade, à pró-atividade, entre tantos outros. Afinal, o papel da escola não é apenas passar conhecimento, mas também contribuir para uma formação completa dos seres humanos.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, Gidélia; BORGES, Tiago Silva. Metodologias ativas na promoção da formação crítica do estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação crítica do estudante do ensino superior. Cairu em Revista. n. 04. Jul-ago. 2014.
BASTOS, C. C. Metodologias Ativas. 2006. Disponível em:
http://educacaoemedicina.blogspot.com.br/2006/02/metodologias-ativas.html>, Acesso
em: 20/05/2016.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
LEMOS, Silvana. Nativos Digitais X Aprendizagens: Um desafio para a escola. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v. 35, n.3, set./dez. 2009
Ana Carolina Fernandes da Silva Silvestri – Professora – Rede de Ensino Caminho do Saber
Texto adaptado do artigo “Aplicação do Project Based Learning no ensino de literatura nos anos finais do ensino fundamental”.
[1] Licenciada em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de Caxias do Sul. Pós-graduada em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade Candido Mendes. Atua no magistério desde 2012. Trabalha com Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Produção de Texto na rede de ensino privada desde 2014.
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