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Estudos apontam que a maioria das pessoas obesas não se engajam em tratamentos para obesidade e focam em dietas. Daqueles que se engajam, a maioria não perde peso. Daqueles que perdem peso, a maioria recupera todo o peso novamente.
-Elisete Sleiffer
O sucesso da perda de peso em longo prazo é muito baixo, e a imensa maioria das pessoas recuperam todo o peso perdido em pouco tempo. Estudos qualitativos apontam a dificuldade de se seguir uma dieta específica (ou até mesmo de ter uma alimentação saudável) quando o ambiente alimentar não é favorável e a rotina de trabalho impede a realização das refeições, o que é comum na vida moderna.
Dessa forma, as dietas concentram-se exclusivamente no indivíduo, desconsiderando o contexto em que vive e desrespeitando o fato de que as escolhas alimentares nem sempre são individuais, nem tampouco racionais. No clássico “Estudo Minnesota” conduzido no final da Segunda Guerra Mundial, que manteve 36 homens com peso normal em restrição alimentar por seis meses (até perderem 25% do peso corporal), verificou diminuição no gasto energético em repouso de 39%. E mais ainda, constatou que no reganho de peso, o compartimento afetado foi o tecido adiposo, ou seja, o peso readquirido foi na forma de gordura.
O estudo cunhou o termo “obesidade pós- inanição” ao descrever pela primeira vez essa preferência do organismo por recompor sua reserva a partir da gordura, condicionando uma memória orgânica. Estudo clássico de Brownell et al. Em modelo animal com ratos traz dados importantes sobre os perigos do efeito sanfona. Eles trabalharam com três grupos de animais: os controles, os obesos e os cicladores (com duas rodadas de restrição calórica e realimentação no último grupo). Nesse grupo, houve um aumento da eficiência no armazenamento de energia, ou seja, maior ganho de peso por kcal consumida e importante diminuição na taxa de perda de peso a cada dieta (na segunda dieta perdeu metade da primeira). Houve aumento da taxa de ganho de peso (que foi três vezes maior depois da segunda dieta, comparado ao reganho depois da primeira dieta. E,ao final do experimento, animais que passaram pelo “efeito sanfona” apresentaram armazenamento de energia quatro vezes maior do que animais obesos que nunca haviam feito dieta.
A avaliação de 6.381 voluntários revelou que aqueles que consumiram mais proteína apresentaram maior mortalidade por câncer. A “fome” é um dos principais obstáculos à adesão de dietas, e a alteração das sensações de fome, apetite e saciedade é uma das piores consequências da prática de dietas. Em geral, dietas obrigam os seguidores a ignorarem os sinais da fome. Ao fazer dieta, o indivíduo segue outras regras que não as internas, então os sinais de fome e saciedade se desregulam e, isso pode explicar a compulsão alimentar desencadeada pelas dietas.
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